Todos os dias somos bombardeados por diversas e diferentes informações na mídia (televisão, jornal, revistas, internet). Nós, adultos, somos tentados a imitar, a consumir, a formar opinião e emitir juízos de valor sobre diferentes questões, até construímos uma identidade a partir destes canais e suas informações.
O que acontece com uma criança que fica “ligada, plugada” e refém de tanta informação? Aquilo que vemos em nossas casas, escolas, ruas e centros comerciais: futilidades, indiferença, imitação, infantilização, má conduta, entre outras questões preocupantes.
Nossas crianças crescem com uma formação de identidade perturbada, confusa e cheia de ideias que não são próprias de sua idade, pois ainda não conseguem refletir sobre assuntos expostos nos diferentes horários e espaços de livre acesso. Percebemos a confusão quando uma criança pergunta, em sala de aula, ao professor – “O que é paranoico?”, após assistir a exaustiva exposição e documentação do massacre feito numa escola sem conseguir filtrar as informações. Imaginem a dúvida, insegurança, medo e confusão na cabeça de uma criança que percebe a fragilidade da vida diante da violência e fica, talvez, imaginando que sua escola também pode sofrer uma violência dessas. Ela entende que todo aquele que tem uma atitude violenta é um paranóico e essa palavra passa a fazer parte de seu vocabulário, podendo até ser usada para nominar um colega com atitudes mais impulsivas, agressivas ou simplesmente, diferente dela.
Conhecemos meninas que imitam as tendências da moda adulta com cuidados estéticos como pintar cabelos, unhas e maquiagem muito cedo. Tem horário semanal em estéticas para retocar e cuidar de algo que ainda não precisa de cuidados químicos, sem falar na imitação de fala e comportamento. Crianças que não se permitem brincar e sentir como uma menininha porque tem um comportamento adulto.
Nossas crianças não precisam de tanta informação e exposição. Elas precisam de atenção e cuidados, de segurança e rotina, limites para guiá-las nas suas escolhas.
Podemos e devemos acompanhar mais de perto a programação de nossos filhos e filhas. Eles não precisam ficar alienados ao que acontece no mundo, mas podemos auxiliar no filtro de tanta informação para garantir uma saúde mental e emocional com equilíbrio e seletividade.
Ao permitir que os filhos assistam a programação adulta estejam presentes para esclarecer dúvidas e refletir com eles sobre as informações. Observem e respeitem a restrição de idade recomendada na programação, esta é a primeira lição de respeito às regras que os pais podem dar aos filhos.
Diversifiquem a programação e a leitura das crianças para ampliarem seu repertório cultural e proporcionarem uma compreensão de mundo mais diversificada. Exercitem a criticidade e a reflexão com as crianças promovendo discussões em família sobre aquilo que a mídia expõe.
Se soubermos ajudar as crianças neste processo de reflexão e maturação emocional estaremos construindo um caráter sólido capaz de fazer uso da liberdade de escolha sem prejuízo da liberdade do outro.
Janete Cristiane Petry
Psicopedagoga do Espaço Dom Quixote