Diariamente ouvimos falar na dificuldade de pais e professores em gerenciarem limites em relação às crianças, principalmente diante da “birra dos pequeninos”. Alguns, movidos pela “culpa”, em função do pouco tempo reservado aos filhos, acabam por fazer concessões que podem desfavorecer o aprendizado de regras importantes. Muitos de nós acabamos confundindo afeto com excesso de permissividade.
A figura da autoridade dos pais e professores constitui-se em base importante para a introjeção de regras sociais e o limite estabelecido na infância é imprescindível para que o ser humano adquira capacidade de tolerância à frustração.
Em primeiro lugar, é necessário definir quais limites se deseja estabelecer, ou seja, o que “pode” e o que “não pode” ser feito, o que é preciso proibir, quais regras vale a pena estipular ou não. Uma vez estabelecidos quais limites respeitar (horário de dormir, das refeições, das saídas com amigos), é necessário explicitá-los por meio de uma conversa, deixando claras quais consequências se seguirão ao seu descumprimento. Qualquer limite deve ser o mais claro possível, de modo a eliminar qualquer ambiguidade, para que a criança compreenda o que pode e o que não pode.
É importante agir com firmeza e sem hesitação. Uma criança identifica quando um “não” pode ser um “talvez” e, nesse caso, não irá cumprir o estipulado. Pais e professores inseguros em suas decisões geram crianças que testam suas possibilidades. A palavra “consistência” é fundamental na aplicação de limites, pois quando se define que algo não pode ser feito, a regra não deve ser “furada” de acordo com o bom humor do responsável pela criança e novas regras não devem ser estipuladas baseadas no mau humor de quem as aplica. Os pais devem ser um modelo de comportamento para os filhos, não valendo o famoso: “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”.
As crianças não ficam infelizes com a imposição de limites; pelo contrário, sentem-se mais seguras! Pais que não toleram a frustração momentânea de seus filhos ensinam que deve-se obter tudo o que se deseja a qualquer custo e que qualquer sofrimento é intolerável. Uma regra não deve ser quebrada porque a criança teve alguma reação negativa, já que é natural que ela teste os limites e é função do adulto manter o que foi combinado anteriormente.
Os pequenos devem ser incentivados a cumprir acordos. Mais e melhor do que punir o inadequado, é reforçar o que é adequado com um gostoso elogio! Em caso de necessidade, vale a orientação de sempre: procure um profissional especializado para ajudá-lo!
Fabíola Scherer Cortezia
Psicóloga do Espaço Dom Quixote