A vida em sociedade é um exercício de sensibilidade, de doação e de disciplina.
As pessoas são complexas e ambíguas. Complexas em suas emoções que oscilam, que se atrapalham, se confundem e perturbam sua convivência com os demais. Ambíguas porque assim como querem privacidade invadem a vida dos outros sem o menor pudor ou respeito.
Estou falando de uma forma geral porque são poucas as pessoas que conseguem sobreviver sadiamente a este caos do funcionamento da sociedade. Na agitação do trânsito, nas relações de conflito no trabalho, na dinâmica de uma família desestruturada aparecem traços de insensibilidade, de egoísmo e indisciplina que acentuam a dificuldade de convivência.
As pessoas tem dificuldade de olhar para o outro e permitir serem olhadas de forma verdadeira e transparente. Há sempre uma suspeita de cobrança, medo de mostrar as falhas e não ser reconhecido como alguém especial. Por isso criamos personagens e encenamos vidas que não são verdadeiras, perdem-se neste teatro. Precisamos resgatar a sensibilidade de aceitar a nós e ao outro como somos, de perdoar as falhas e incentivar o crescimento de cada um.
Há um egoísmo reinando em nossa volta. Cada um pensa em si como único em desejos e necessidades sem levar em conta os desejos e necessidades dos outros. Há uma doutrina do perfeito, do sempre feliz que exclui da sociedade a maioria das pessoas.
Imaginem quem não se enquadra nestes padrões e possui alguma dificuldade de qualquer ordem? Essas pessoas sofrem muito e sentem-se muito solitárias e cobradas.
Cabe a nós ajudarmos a quem tem alguma necessidade a superar os desafios e encontrar espaço na sociedade, assim como também nos cabe ensinar, mostrar às pessoas que a diferença não é doença, apenas diferença.
Precisamos tirar nosso óculos cor de rosa e trocar as lentes todos os dias por outras cores para enxergar melhor quem está a nossa volta.
Janete Cristiane Petry
Psicopedagoga